sábado, 2 de julho de 2011

Estilos de encadernações

O livro é daqueles objetos que transcenderam sua finalidade primária de suporte da informação e se tornou objeto de culto artístico através de homens que tinham a intenção de valoriza-lo pelo visual e pelo design. Nos posts seguintes vou tratar dos vários elementos integradores do livro que foram trabalhados com o viés artístico e que permitiu ao mesmo que fosse adorado muitas vezes mais por suas características visuais do que pelo seu conteúdo. Neste post em específico veremos sobre encadernação, mas nos próximos também vamos admirar as técnicas tipográficas, as ilustrações, os ex libris e os livros de arte.
No Império Bizantino para enaltecer a palavra divina foram confeccionadas belíssimas encadernações em marfim e tecido bordado e adornado com pedras preciosas.
Encadernação Bizantina*

As encadernações medievais também tem características marcantes, através da adoção de broches de metais que tinham a função de proteger os livros que até então eram guardados deitados nas estantes e muitas vezes acorrentados às mesmas para evitarem os furtos daquele objeto que já era símbolo de status e sabedoria.  
Encadernação Medieval*

Vários encadernadores depois da popularização da técnica de douração começaram a explorar o potencial das encadernações como propagação artística criando escolas com vários seguidores e visual marcante que nos permite identificar seu autor.  Entre os que mais se destacaram está Aldus Manuzio, que além de criar encadernações que prezavam pela sobriedade também contribui para o desenvolvimento tipográfico e várias outras técnicas relacionadas ao livro.
Encadernação Aldina*

O estilo Mudejár é a representação mais simbólica desta técnica na Espanha, com a utilização de cordas retorcidas.
Estilo Mudejár*
Os franceses foram os que mais se destacaram no desenvolvimento da encadernação, tendo vários nomes ligados a esta técnica. Jean Grolier foi bastante influenciado por Manuzio, também adotando os ferros em formato de folhas na composição de sua arte juntamente com a aplicação de refinados pontilhados que também foi característica dominante dos estilos Le GasconPadeloup e à Dentelle. 
Encadernação de Jean Grolier*

Detalhe de encadernação no estilo Le Gascon*

Estilo Padeloup*
Estilo à Dentelle*

Outros estilos muito famosos são: Fanfare, com temas florais retorcidos e o estilo Du Seuil com predominância de retângulos contornado as capas.

Estilo Fanfare*

Estilo Du Seuil*
No Brasil as principais representantes desta arte foram as Encadernações Imperiais, que tinham como característica principal a adoção de uma cobertura verde e a douração do brasão do império ao centro, contudo várias outras cores foram utilizadas e o brasão ganhou várias versões.
Encadernação Imperial*
Mais recentemente o grupo dos Modernistas mostraram-se bastante preocupados com a quebra do tradicionalismo nas encadernações, seja com a mudança tipográfica ou com a contribuição de seus membros na elaboração de desenhos para elas.
Encadernação Modernista retirada de Toda Oferta
Entre os trabalhos que abordam sobre a encadernação estão o da Cida Mársico (veja aqui) publicado pelo Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras - PLANOR da Biblioteca Nacional, e o trabalho da Dorothée de Bruchard (veja aqui), publicado pelo Escritório do Livro que por sinal é um excelente site sobre as artes que envolvem a história deste venerado objeto. Também é interessante a dissertação de mestrado do Edmar Moraes Gonçalves (veja aqui).
*Estas encadernações foram retiradas do trabalho da Cida Mársico publicado no PLANOR, cujo link está disponibilizado no parágrafo acima.

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