segunda-feira, 25 de julho de 2011

Exposição Brasiliana Itaú


Retirado de SCDF
Está acontecendo no Museu Nacional de Brasília a Exposição Brasiliana Itaú, que apresenta vários livros, cartas, gravuras e quadros sobre o Brasil colonial e sobre a história recente do nosso país. O termo Brasiliana criado por Rubens Borba de Moraes para designar os livros que tratam sobre nossa nação até o final do séc. XIX é ampliado para outros materiais dedicados a contar nossa história e também aos que extrapolam esta data, os quais seriam chamados de Brasiliense pelo ilustríssimo professor. É possível ver vários livros raros do século XVI e XVII, com destaque para a primeira edição do Barlaeus, livro feito por iniciativa de Maurício de Nassau e repleto de gravuras sobre a costa, fauna e flora brasileira. As edições recentes também impressionam, seja com os livros de artistas, como os da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil com ilustrações de Portinari e Di Cavalcanti, ou através das primeiras edições de autores consagarados, como o "Poesias Completas" do Machado de Assis que com erro de impressão na dedicatória fez o autor peregrinar atrás de seus exemplares para efeturar a correção à mão, ou ainda o livro "Eu", único título do escritor Augusto dos Anjos que pagou de seu próprio bolso uma tiragem de mil exemplares. Impressionante também são as edições dos Modernistas como o livro "Paulicéa desvairada" ou a Revista de Antropofagia. Destaque também para as gravuras e desenhos de Debret e para as pinturas de Rugendas e de Palliére. O acervo ainda conta com fotografias, cartas e pertences pessoais do Santos Dumont inventor do avião e de outras tantas descobertas.

A exposião estará aberta ao público até 21 de agosto e o horário para visitação é de 9h às 18h30 de terça a domingo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Ex Libris

Este é o nome dado a uma etiquetinha colocada geralmente no verso da capa de um livro. Este selo de propriedade pode constar apenas o nome do proprietário do livro, ou apenas um brasão, ou ainda um desenho sobre qualquer temática, mas o mais comum é a junção do nome do dono com um desenho representativo sobre seu gosto pessoal. 


Ex libris da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (disponível em Olhar Comum)


Muitos apontam como sendo o primeiro registro dessa arte uma inscrição em uma caixa de papiros de Amenofis III datada de 1.400 a. C, contudo existe divergência entre os especialistas qual seria o primeiro Ex libris da forma como é usado atualmente. Alguns dizem que é o ouriço xilogravado a pedido de Hans Igler entre 1470 e 1480 da nossa era, enquanto outros dizem se tratar do primeiro exemplar a xilogravura de um anjo segurando um brasão em armas, produzida em 1480 e utilizada por Hildebrando Brandenburgo.

Ex libris de Hildebrando Brandenburgo (disponível em Papel en Blanco)

No Brasil o uso começou através dos Ex libris de Diogo Barbosa Machado, pois sua biblioteca foi incorporada à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O primeiro Ex libris brasileiro foi do Manuel de Abreu Guimarães desenhado por José Joaquim Viegas de Menezes, enquanto o primeiro colecionador deste objeto foi o ilustríssimo Barão do Rio Branco.

Ex libris ameaçador (disponível em Violeta)

No nosso país esta prática teve o seu ápice na metade do século XX, principalmente pela criação da Sociedade de Amadores Brasileiros de Ex libris em 1940. Este objeto se tornou venerado pela sua proximidade às artes plásticas, já que muitos dos desenhos eram encomendados a artistas que os reproduzia frequentemente através das técnicas de gravura, como no caso da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro que teve seu Ex libris produzido por Eliseu Visconti. Além de enfeitar o livro por sua beleza, os Ex libris ainda permitem em muitos casos traçar os caminhos que determinado livro percorreu, pois é possível identificar quem foram os seus donos anteriores através destas marcas de propriedade.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Manuseio

Um dos maiores agentes de deterioração dos acervos bibliográficos é o próprio homem através do manuseio inadequado das obras. Vendo um post no blog do meu colega Marcelo Scarabuci, Dias de som (acesse aqui), que por sinal funciona como meio de comunicação de seus aprendizados sobre conservação de suportes musicais que será tema de sua dissertação, ele mostra um vídeo onde um desajeitado senhor, tremendo muito, faz com que um frágil cilindro de cera raríssimo se desintegre em sua mão. Logo eu lembrei de um episódio do Mr Bean muito irreverente, como sempre, sobre este manuseio descuidado, porém de uma obra rara. Então dando uma pausa dos posts anteriores que ficaram focados na teoria e foram muito burocráticos eu recomendo que assistam ao vídeo.


sábado, 2 de julho de 2011

Estilos de encadernações

O livro é daqueles objetos que transcenderam sua finalidade primária de suporte da informação e se tornou objeto de culto artístico através de homens que tinham a intenção de valoriza-lo pelo visual e pelo design. Nos posts seguintes vou tratar dos vários elementos integradores do livro que foram trabalhados com o viés artístico e que permitiu ao mesmo que fosse adorado muitas vezes mais por suas características visuais do que pelo seu conteúdo. Neste post em específico veremos sobre encadernação, mas nos próximos também vamos admirar as técnicas tipográficas, as ilustrações, os ex libris e os livros de arte.
No Império Bizantino para enaltecer a palavra divina foram confeccionadas belíssimas encadernações em marfim e tecido bordado e adornado com pedras preciosas.
Encadernação Bizantina*

As encadernações medievais também tem características marcantes, através da adoção de broches de metais que tinham a função de proteger os livros que até então eram guardados deitados nas estantes e muitas vezes acorrentados às mesmas para evitarem os furtos daquele objeto que já era símbolo de status e sabedoria.  
Encadernação Medieval*

Vários encadernadores depois da popularização da técnica de douração começaram a explorar o potencial das encadernações como propagação artística criando escolas com vários seguidores e visual marcante que nos permite identificar seu autor.  Entre os que mais se destacaram está Aldus Manuzio, que além de criar encadernações que prezavam pela sobriedade também contribui para o desenvolvimento tipográfico e várias outras técnicas relacionadas ao livro.
Encadernação Aldina*

O estilo Mudejár é a representação mais simbólica desta técnica na Espanha, com a utilização de cordas retorcidas.
Estilo Mudejár*
Os franceses foram os que mais se destacaram no desenvolvimento da encadernação, tendo vários nomes ligados a esta técnica. Jean Grolier foi bastante influenciado por Manuzio, também adotando os ferros em formato de folhas na composição de sua arte juntamente com a aplicação de refinados pontilhados que também foi característica dominante dos estilos Le GasconPadeloup e à Dentelle. 
Encadernação de Jean Grolier*

Detalhe de encadernação no estilo Le Gascon*

Estilo Padeloup*
Estilo à Dentelle*

Outros estilos muito famosos são: Fanfare, com temas florais retorcidos e o estilo Du Seuil com predominância de retângulos contornado as capas.

Estilo Fanfare*

Estilo Du Seuil*
No Brasil as principais representantes desta arte foram as Encadernações Imperiais, que tinham como característica principal a adoção de uma cobertura verde e a douração do brasão do império ao centro, contudo várias outras cores foram utilizadas e o brasão ganhou várias versões.
Encadernação Imperial*
Mais recentemente o grupo dos Modernistas mostraram-se bastante preocupados com a quebra do tradicionalismo nas encadernações, seja com a mudança tipográfica ou com a contribuição de seus membros na elaboração de desenhos para elas.
Encadernação Modernista retirada de Toda Oferta
Entre os trabalhos que abordam sobre a encadernação estão o da Cida Mársico (veja aqui) publicado pelo Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras - PLANOR da Biblioteca Nacional, e o trabalho da Dorothée de Bruchard (veja aqui), publicado pelo Escritório do Livro que por sinal é um excelente site sobre as artes que envolvem a história deste venerado objeto. Também é interessante a dissertação de mestrado do Edmar Moraes Gonçalves (veja aqui).
*Estas encadernações foram retiradas do trabalho da Cida Mársico publicado no PLANOR, cujo link está disponibilizado no parágrafo acima.